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domingo, 9 de outubro de 2011

Diálogo De Um Casal Apaixonado: A Sogra




Ao ouvir o despertador…
– Mas que diabos! Quem colocou essa droga pra despertar em pleno domingão?
– Fui eu, oras. Esqueceu que preciso buscar minha mãe?
– Ah, tinha esquecido.
– Já que alguém não quis ir no meu lugar…
– Ela é sua mãe!
– E sua sogra.
– E por isso devia ir buscá-la? Amor, ela nem gosta de mim.
– Ela gosta sim, só desconfia que temos um caso.
– Nossa! E por quê?
– Não seja irônica!
– Por que está levantando? Que eu saiba ela só chega as dez.
– O trânsito vai estar um caos, ainda mais com essa chuva.
– Está chovendo?
– Você não ouviu?
– Não!
– Impossível! Trovejou um tempão, aí o Michael veio chorar na nossa janela e…
– O que essa aberração canina tá fazendo aqui no quarto?
– Para de xingar ele de aberração!
– Você não me respondeu!
– Ele tava chorando. Você sabe que ele tem medo de trovão!
– Engraçado, ele não tem medo de mim.
– Pois é.
– Agora vai ser assim? Demorou um tempão pra ele acostumar a dormir lá fora e agora qualquer choro, você abre a porta.
– Eu não faço isso!
– Não? E o dia que ele ficou latindo de madrugada sem motivo e você colocou-o pra dentro?
– Podia ser algum ladrão, tá?
– Exato! Cachorros servem pra espantar ladrões e o que você fez?
– Estava protegendo ele!
– E quanto a nós?
– Tá bom, mas só fiz isso uma vez.
– E a vez que ele ficou na sala vendo aquele filme de tubarão e você cismou que ele não conseguiria dormir sozinho?
– Ele ficou com medo sim! E pegou trauma de água por isso!
– Trauma de água?
– Ele nunca mais fugiu para pular na piscina do vizinho.
– Amor, estou começando a me convencer que tem algo muito errado com você.
– Bobagem! Você que nunca me entende.
– Estávamos falando de sua mãe e acabamos falando do Michael!
– Então voltaremos a falar da minha mãe. Vou me trocar enquanto isso.
– Não! Fica aqui comigo mais um pouquinho?
– Não posso me atrasar, amor. Sabe como mamãe se estressa por pouca coisa.
– Ah, é? Poxa vida, agora eu sei de onde vem toda a sua neura.
– O que disse?
– Que sua mãe não devia ser assim.
– Essa nem é a pior parte. Odeio mesmo quando ela critica nos outros tudo que ela mesmo faz.
– Como ser ciumenta e não aceitar que a outra pessoa seja ciumenta?
– Isso! Não sabia que conhecia minha mãe tão bem assim.
– É…
– E quando ela briga com meu pai porque esquece do mundo vendo futebol, sendo que ela é viciada em novela?
– Não brinca!
– Sério! Ela até proibiu ele de comprar revistas esportivas numa época, mas ela mesmo comprava várias revistas de fofoca e moda.
– Que pena do seu pai!
– Sabe que às vezes me pergunto como ele aguenta?
– Que isso, amor!
– Estou falando sério! Como alguém pode se submeter a inúteis caprichos e implicâncias por tantos anos?
– Quantos anos eles têm de casamento?
– Quase trinta.
– É, acho que consigo sobreviver…
– Como?
– Que bom que o casamento sobreviveu!
– Sorte que meu pai é um cara sossegado, né?
– Por que diz isso?
– Minha mãe não é uma pessoa fácil. Eu amo ela, mas admito que não é fácil conviver com aquela mulher.
– Não diga isso, amor. Sua mãe é um doce!
– Ha-ha! Bom, agora preciso mesmo levantar. Se eu me atrasar, ela dará a luz!
– Que exagero!
– O que foi? Eu disse que ela se estressa por qualquer coisa.
– Se você diz… Vou voltar a dormir.
Segundos depois…
– Amor, você esqueceu a chave do carro aqui na mesa do quarto de novo!
– Esqueci?
– JÁ DISSE QUE EXISTE UM CHAVEIRO NA COZINHA PARA ISSO!
– Calma! Desculpe!
– Isso não aconteceria se eu ainda tivesse meu carro.
– Você não teria que vendê-lo para ajudar a comprar a casa se não tivesse comprado o Michael.
– Michael, Michael… Sempre descontando no coitado!
– Tudo isso porque deixei a chave ali?
– Ah, como você me estressa! E ainda fica rindo!
– Porque é engraçado, oras.
– O quê é engraçado?
– Você não vê? Somos iguais ao seus pais!
– Eu não acho.
– Ah, somos sim. Admite!
– Tá bom, tá bom. Somos bem parecidas mesmo, mas que fique claro que você é muito mais fácil de lidar do que minha mãe.
(  por Leticia Ferrari   )

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